LAMENTO

 
As palavras vem e vão,

bailando na minha folha amarelada.

Buscam escrever seu nome a todo o instante

porque, assim como eu, elas estão apaixonadas!

O vento chega com a chuva que cai

e me traz seu sorriso que me inebria.

Minha saudade aumenta com a chuva!

Ela sabe que me alimenta de sonho e fantasia!

 
Os pingos aumentam e vem a tristeza

em saber que você tão longe está.

Dor aguda que atormenta o sufoco angustiante

do desejo de tê-la. Como pude assim te amar?

Recosto-me num muro lacrimejado.

Ele compartilha comigo a dor e me conforta.

Sabe tudo de mim e do momento que vivo!

Me entende e consola minha vida quase morta.

As palavras vem e vão.

Nelas encontro o eco do meu próprio coração

que me acusa a dor insuportável desse lamento.

Uma loucura desvairadamente alucinante,

numa amarga e cruel dependência tão distante,

que talvez seja [para mim] um merecido sofrimento.

 
(MARCO MOTTA)