pois é, o nascer de ontem..os dias estão ficando mais compridos, o nascer acontece mais cedo sempre, e continua muito frio..
bom dia, folks..
da net:
"Um chefe de Estado poderia ter tentado vencer os rebeldes pelo cansaço. Também poderia ter dividido responsabilidades com o primeiro-ministro George Pompidou, chefe de governo. Em vez disso, preferiu apanhar sozinho a luta atirada pelos líderes do movimento (de 1968..) e amparar-se na arrogância formidável. “A França sou eu, a República sou eu”, reiterou em 30 de maio (de 1968..), quando anunciou a dissolução da Assembleia Nacional e a convocação de eleições gerais. No dia seguinte, cantando a Marselhesa, 1 milhão de partidários do presidente se juntaram à passeata que parou Paris, liderada pelo escritor André Malraux, herói da resistência à ocupação nazista e ministro da Cultura.
Vitorioso na eleição de 23 de junho, De Gaulle encerrou democraticamente a rebelião de 1968. Mais uma vez, mostrou que, sobretudo quando o horizonte está nublado, estadistas devem pensar nos interesses do país e nas próximas gerações. Passados 45 anos, os pais-da-pátria que infestam a República brasileira confirmam a lição fazendo o contrário do que fez Charles de Gaulle. Governantes de quinta categoria só conseguem pensar nos próprios interesses e na próxima eleição, reitera a reação dos sacerdotes do lulopetismo à onda de manifestações de protesto que começaram em 6 de junho.
A revolta da rua escancarou o abismo que separa o Brasil Maravilha inventado por Lula e aperfeiçoado por Dilma do Brasil real onde vive a gente comum. Lá, tudo anda tão bem que, se melhorar, estraga. Aqui, o que se vê é a corrupção impune, a Copa da Ladroagem, a educação e a saúde em frangalhos, a litania das promessas jamais cumpridas, o cinismo exasperante dos políticos ─ a procissão de afrontas parece fila em posto de saúde. O país que presta perdeu a paciência de vez. Cansou-se de ser tratado como um viveiro de imbecis resignados. E reduziu a farrapos a fantasia tecida desde janeiro de 2003.
Tanto o ex-presidente que não desencarna quanto a sucessora que nunca exerceu de fato a chefia do governo já entenderam que estão muito mal no retrato redesenhado pelas multidões inconformadas com a duração da farsa. Em queda livre nas pesquisas de popularidade, Dilma foi vaiada na abertura da Copa das Confederações e não apareceu na final no Maracanã para escapar da reprise constrangedora. No encontro de prefeitos em Brasília, a plateia vaiou a convidada ausente na sessão de abertura e vaiou a governante que resolveu dar as caras no dia seguinte. Lula emudeceu e saiu de circulação no primeiro minuto da primeira passeata. Só recuperou a voz para contar lorotas na África. Ambos sabem que estão na origem das manifestações. Mas fingem que não.