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de Jabor, hoje..:
"O bem está virando um luxo e o mal uma necessidade social. Sem participar do mal, não conseguimos viver. Como ser feliz olhando as crianças empilhadas na Síria, no Iraq, nos grotões do Brasil feudal: Maranhão, Alagoas, etc.? Temos de fechar os olhos. "Sou feliz se conseguir manter os olhos fechados." Ser feliz é não ver. Como praticar o bem? Apenas se horrorizando com o mal? Não vale ficar "tristinho", nem lançar apelos à razão ou à caridade. "Eu fiz tudo para ser um homem de bem. Serei um canalha?" Todos se acusam, todos querem ser o bem. Durante a ditadura, todos éramos o bem. O mal eram os milicos. Acabou a dita e as "vitimas" (dela) pilharam o Estado. O que é o "bem" hoje? É lamentar com certo prazer uma impotência, é um negror melancólico, é um elogio da morte? Ou o bem é ser pragmático, frio? É uma identificação mecânica com as desgraças ou um desejo "protestante" de melhorar na vida?"