..bom dia, bom dia..
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"É inimaginável dividir o País em duas bandas, "nós e eles". Por que isso ocorre numa nação onde se consagram os valores da pluralidade, do debate, das liberdades? Primeiro, a recorrente pregação do PT, mesmo sob o signo do mensalão, de que é o partido da ética. Não admite erros. Ora, até as religiões reconhecem desvios. Segundo, o acirramento da competição política. Os 20 anos de poder tucano no Estado mais poderoso do País animam o PT a enxergar a possibilidade de realizar o "sonho dos sonhos do comandante Lula": governar São Paulo. E 12 anos de poder petista no comando da Nação incentivam tucanos a retomar o controle perdido para o PT.
Ademais, as visões particularistas desses entes consideram outros protagonistas como massa de manobra, secundários, mesmo que concorram à Presidência da República. Basta ler que o governador Eduardo Campos (PSB), até então considerado amigo leal do presidente Lula, acaba de levar a pecha de tolo, traidor, sem compostura política, atributos expressos no site do PT.
A paisagem social é um desenho multiforme e policromático. Um animus animandi impregna setores, núcleos e categorias profissionais. É insustentável a tese de que um partido simboliza a luz e outro, as trevas. Até porque os partidos, a começar de PT e PSDB, padecem sob uma enxurrada de denúncias. Ou será que intérpretes das agremiações não conseguem entender o grito das ruas? Enjaular os atores políticos entre as grades de errados e certos é enxergar de maneira bitolada a realidade nacional. Partidos e líderes precisam descer do pedestal da arrogância e reconhecer erros e acertos. Sem tirar o mérito de ações, programas, obras de quem quer que seja. Se uns e outros forem injustiçados pela caneta da infâmia, recorram ao altar da Justiça.
Não há entre nós, infelizmente, nenhum São Jorge partidário lutando contra o dragão da maldade. Quem assim se fizer, cairá do cavalo."
GAUDÊNCIO TORQUATO, JORNALISTA, PROFESSOR TITULAR DA USP, É CONSULTOR POLÍTICO E DE COMUNICAÇÃO. TWITTER: @GAUDTORQUATO