..e bão diiia , de nuevo...
..opiniões, opiniães..:
"O eufemismo ainda encobre o controle político. Poucos (fora os ditadores que se atribuíram o título de Benefactor, como Anastasio Somoza) ousam exigir "gratidão" das massas por suas benfeitorias, reais ou imaginárias. Gilberto Carvalho, "secretário da Presidência", rompeu a barreira das formas decorosas ao evidenciar o seu estado de espírito em face das manifestações populares (que devem retornar, em ano eleitoral e com o embuste das urnas eletrõnicas, sabidamente manipuladas...). Em junho de 2013, confessa ele, "houve quase que um sentimento de ingratidão, de dizer: "fizemos tanto por essa gente e agora eles se levantam contra nós"". O lapso revela muito da alma governista.
Temos, ademais, notícias de preparo das Forças Armadas e da polícia para a próxima Copa do Mundo. No manual repressivo com normas para o uso da força física pelos agentes oficiais (o Ministério da Defesa prepara uma edição mais branda, para inglês ler) o inimigo é o povo ingrato. Este não amadureceu o bastante para reconhecer os benefícios trazidos pelos patrões do Planalto. A fala do "ministro" evidencia: se houve "ideal modernizante" em sua grei, ele foi sepultado na vala do realismo político.
De tanto se unir aos oligarcas que forçam seus eleitores a ver como "um favor" as obras públicas e os recursos arrancados do campo federal, os governistas os mimetizam. Nunca antes neste país os nhonhôs foram tão gratos aos que habitam os palácios. A palavra "esquerda" é folha de parreira que encobre uma prática que deveria, se exibida na TV, ser proibida aos menores de idade. "Ah, sai daí", senhor "ministro"!
*Roberto Romano é professor da Universidade Estadual de Campinas e autor de "O Caldeirão de Medeia"
(Perspectiva)."