Toma-me
porque em ti existo
furtiva
discreta
como água
descendo
cortando
os contornos
os abismos
os segredos das pedras
Beba-me
como relicário
dos teus segredos
como santuário
das preces lascivas
dos teus desejos
dá-me
todos os teus beijos
todas as pegadas doces
imperativas
Toma-me
e de novo
beba-me
suave
preciso
profuso
intensamente
resvala
escorrega
esfrega
Coma-me
num prazer
supremo
num gozo
mais que explosivo
abraça-me
agarra
me prenda
à tua pele
e ao teu corpo
deixa-me adormecer
Conceda-me
teu amor
e todo
o meu delírio
fogosa
a mente
que assim
te cria
enlaça
te gruda
à minha carne
ao meu corpo
ao meu todo
e assim
só assim
te bebo
como
e te sonho
porque tu
como ninguém
mais
eternamente
permanece
só tu
aconteces
só tu
existes em mim…
Cau Lanza