Sou
Sou o amanhecer de desejos perdidos,
a deslizar por um corpo languido,
de pele ardente.
Sou leve balançar de asas que voam, brisas que me levam a ti, urgente.
Sou o ressoar alucinado
de todos os ecos,
o grito que foi calado
para que não me escutassem.
Sou saudade doída da espera,
onde a poesia descansa,
temendo a dor dos apelos que
não voltassem.
Onde dormem, docemente,
as palavras,
sou a mais íntima raiz do tempo
de saudade e ausência.
Sou fantasia alucinada que
arrasta-se ao chão, fugindo, calada, de minha mais sórdida demência.
Sou lua de fogo atravessando
teus lábios ausentes,
sou o mais doce dos amores
em pecado.
Sou o desejo que habita
em teus olhos de orgasmo;
Uma constelação que ao longe explode num céu azulado.
Sou o horizonte mais que distante,
onde a lua se estende,
lentamente.
Espero, ansiosamente, por um
pôr-do-sol que vá te abraçar por mim, apaixonadamente.
Tanea Fragoso