às vezes eu queria voltar a ser criança, voltar a um tempo que talvez nunca tenha existido...
o problema é que esse "às vezes dura o tempo todo"...
um tempo em que não havia pressão dentro de mim, um tempo em que eu sabia viver bem, viver feliz.. um tempo em que eu aceitava meus pontos fracos e sabia lidar com eles.. m tempo em que eu não buscava nos outros culpa para eu não ser totalmente feliz, um tempo em que eu conseguia ser leve, como uma bola de sabão.. e conseguisse voar.. voar pra longe da minha cabeça, da minha mente pesada.. voar pra longe da minha forma de ver as formas da vida..
eu queria poder ser mais leve, conseguir enxergar nas oprotunidades desafios interessantes para a vida, pra me otrnar melhor e maior, e não, muros intransponíveis de espinhos e arames farpados. porque é assim que me sinto: queria ser uma bola de sabão, pra poder sermais leve, colorida, e voar.. poder voar por cima do muro de arames e espinhos e chegar ao jardim do outro lado.. ultimamente (como nunca antes.. eu acho..) acho que encontrei um explicação para o que existe dentro de mim, não que ninguém nunca tenha me dito antes, mas é que agora fez sentido, sabe? eu entendi que tenho de parar de projetar nos outros problemas para a minha vida e passar a enxergar que o único peso que há está dentro de mim.
a questão é que vejo isso, mas não sei sentir.. por mais que fuja, por mais que enxergue novas possibilidades nas coisas e no mundo, na verdade o que vejo é como se houvesse um determinismo dentro de mim que sempre sabe qual será minha trilha futura e não, ela não é nada rosa ou flutuante como uma bola de sabão.
então me pergunta: pq então vc não foje disso? se vc já enxergou que se tudo continuar como está vc não vai chegar ao jardim, então porque vc não muda? porque toda vez que acho que estou mudando descubro que não estou, que na verdade era só uma impressão.. que na verdade.. meu esforço não é o bastante .. e pareço esmorecer.. se um dia subo 5 degraus no meu ver, e no seguinte descubro que só tinha subido metade, perco tanto as forças que escorrego mais 4 degraus abaixo.. e vou assim.. de metade em metade.. todos os dias.. tentando chegar ao topo..
vi em um filme algo como o que vou dizer, mas o que importa é que aqui estará de todo o coração e não, não importa o que os outros achem, importa o que sinto de verdade.. eu vivo a bênção completa de Deus, de compartilhar todos os minutos da minha vida com uma pessoa que foi idealizada pra mim, que foi feita por Ele só pra mim.. quando encosto minha cabeça em seu peito e o abraço 9e que abraço..) sinto meu coração no ritmo do dele.. na verdade mais rápido, pq ando a 100 por hora a cada minuto, mas na mesma toada, na mesa batida, porque ele é a vela do nosso barco (ai que brega.. mas dá pra entender!) e sobe e desce sempre que necessário, que controla a velocidade, os riscos, as oportunidades. e eu sou o vento.. fico soprando o dia todo, rápido, correndo, agitada, descontrolada.. com uma energia que vem não sei de onde e explode, extrapola, exaspera..sufoca, afunda, afoga.. e aí vem a vela e sabe usar toda essa energia de uma maneira boa.., mas que eu insisto em desaprender a cada dia.. só pode ser uma bênção ter alguém tão incrível comigo.. pena que eu o faça sofrer com toda esta instabilidade, com toda essa energia sem freio, nem boa nem ruim..
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às vezes eu só queria ser uma bola de sabão.. leve.. leve.. colorida..
uma bola de sabão que pudesse ver nas novidades da vida algo lindo, bom, novo, incrível! cheio de espaços pra muita coisa nova acontecer! e não como um monstro, de pedra, gigante.. com medo, com suspeita, com sufoco, com coração acelerado, com medo de perder o pouco que tenho só porque é cômodo, só porque já é conhecido, ainda que monótono, ainda que desconsiderado, ainda que medíocre.. só porque é um monstrinho conhecido.. o bicho papão não fica menor com o passar dos anos quando a gente cresce, ele na verdade fica guardadinho adormecido.. no fundo do armário.. às vezes desperta. mas já somos mais fortes para enfrentar.. do mesmo jeito, queria ser uma bolhinha de sabão, ainda que pequena, que já tivesse compreendido que todos os muros tem suas barreiras.. e não uma bolinha que encontrou uma brecha no muro, uma pequena fenda, na qual me alojei, longe do vento e da chuva que podem me fazer explodir, através da qual vejo o jardim do outro lado.. e que vê o mundo lindo, abrigada, levemente segura, e sem grandes espaços para se mostrar, mas segura..
queria ser a bolhinha que tem coragem, que acredita que apesar de frágil tem suas fortalezas, que tem pontos fortes apesar das fraquezas e que pode melhorar isso com o tempo! e que essas pequenas fortalezas é que permitem que ela tente, que se jogue pra fora da fenda, passe pelo sol que seca, a chuva com pingos duros e o vento que a joga contra os arames farpados e consiga, não sem antes algum esforço, chegar ao jardim..
aí sim, mesmo racionalmente sabendo que no jardim há flores, que entre elas há Primaveras, Rosas, todas com tantos espinhos, viver intensamente sabendo que poderá voar ao sabor da brisa leve, ser rosa, azul, verde, amarela, todas as cores que quiser quando cruzar com os raios do sol e que, depois de muito voar, poderá estourar, porque nem as bolhas de sabão duram pra sempre, mesmo quando somos crianças e mesmo aquelas que voam alto até não conseguirmos ver, aquelas também estouram.. mas aí poder dizer "eu fui feliz.."
não posso mais.. estou chorando..