OLA AMIGUINHOS
CONTO: O BULÉ
Era uma vez um Bule muito orgulhoso. Orgulhoso por ser de porcelana, orgulhoso do seu longo bico e orgulhoso da sua asa bojuda. Tinha o bico à sua frente e a asa atrás de si. Era acerca dos dois que falava sem parar.
Nunca falava da tampa que estava partida e colada, ou seja, que era defeituosa. Ninguém gosta de falar dos seus defeitos, basta que os outros o façam por nós.
As chávenas, a leiteira e o açucareiro – numa palavra, todo o serviço de chá – pensavam muito mais nos defeitos da tampa e falavam muito mais acerca dela do que acerca da asa robusta e do bico tão distinto.
O Bule sabia que assim era
Conheço bem os meus defeitos – disse o Bule para com os seus botões. – Reconheço-os e admito-os. Penso que é nisso que reside a minha humildade e a minha modéstia. Todos temos muitos defeitos, mas também temos virtudes.
As chávenas têm asas, o açucareiro tem uma tampa. Mas eu tenho as duas coisas e, além disso, possuo aquilo que nenhum deles jamais terá - um bico - e é por sua causa que sou o rei da mesa de chá.
A função do açucareiro e da leiteira é servir iguarias, mas sou eu que impero. Reparto bênçãos pela humanidade sedenta. No meu interior, as folhas chinesas dão sabor à água quente e insípida.»
Era assim que o Bule falava nos tempos da sua juventude. Estava sobre a mesa posta para o chá e foi levantado por mãos delicadas. Mas as mãos delicadas revelaram-se muito desajeitadas. O Bule caiu no chão, o bico quebrou-se, a asa partiu-se e da tampa nem se fala porque já se disse tudo o que havia a dizer sobre esse assunto.
O Bule jazia desmaiado no chão, deixando escorrer do seu interior a água a ferver. Foi um rude golpe. O pior foi que toda a gente se riu dele e da mão desajeitada que o deixara cair.
A violação dos Direitos Autorais
Lei nº. 9610/98
é crime estabelecido pelo artigo 184
do Código Penal Brasileiro.
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