O amor é procurar cabelos para completar as mãos, é procurar o que não se viveu para contar.
É esperar o sol aquecer o lado ileso da cama. É não apagar direito a ausência,
a letra, o cheiro. É insistir com respostas sem as perguntas.
Adiar o amor ainda é cumpri-lo.
*
Fingir que não se sente é exercê-lo. O amor devora os sobreviventes. Não lembra do pente da
da tesoura de unhas, do jornal, do abajur. O amor não lembra do que precisa.
Amor é não precisar de nada. É precisar do que acontece depois do nada,
ainda que não aconteça. O amor confunde para
se chegar ao mistério
*
Embaralha para não se ouvir. Perde-se no próprio amor a capacidade de amar.Amor é comer a fruta
do chão. O chão da fruta. O amor queima os papéis, os compromissos,os telefones onde
onde havia nomes. O amor não se demora em versos,
Se demora no assobio do que poderia ser um verso.
*
O amor é uma amizade que não foi compreendida uma lealdade que foi quebrada
O amor é um desencontro por dentro."
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** Fabrício Carpinejar **