«Querido diário,
Hoje
é mais um dia daqueles que me sinto em baixo. Acordei, olhei ao espelho
e vi no que me tornei. Tentei lavar a cara para que pudesse disfarçar
as olheiras, mas não consegui. Não tenho qualquer vontade de cuidar de
mim.
Sentei-me novamente à beira da janela do meu quarto a ver a
chuva a cair. Não consegui conter as lágrimas ao recordar todos os
momentos que passei. Só me pergunto «porquê?», mas ainda não encontrei
resposta para tal pergunta.
Cada vez mais sinto que não tenho
ninguém…ninguém vem à minha procura, ninguém me telefona a perguntar se
estou bem, ninguém tenta falar comigo…não tenho qualquer ombro amigo
para que possa desabafar.
Ontem tentei falar com a minha mãe. Para
quê?! Apenas me disse: «Tu sabes lá o que são dificuldades?!». Ninguém
me compreende, ninguém tenta perceber a minha dor.
Eu não suporto mais isto! Eu quero desistir de tudo. Fugir? Não! Eu quero é desaparecer. Morrer? Talvez seja a melhor opção.
Já não consigo ir à rua e ouvir as pessoas a falar, a rir…é irritante!!
Talvez
seja mesmo melhor acabar com a minha vida. Porque não hei-de acabar com
ela? Eu não tenho ninguém mesmo. Além disso ninguém iria sentir a falta
de alguém com a alma morta.
É isso! Hoje vou pensar numa forma de o fazer.
Talvez esta seja a última vez que escreva no diário.
Até sempre!»